A peça "As Seis Mulheres de Amílcar", com Mano Preto e Nádia Nenque, da Companhia de Dança Raiz di Polon, teve a sua estreia absoluta na Mostra Tri*pé, que decorre na cidade da Praia.

Com texto de Mário Lúcio Sousa, a obra conta com Mano Preto na cenografia e interpretação, ao lado da atriz, bailarina e cantora guineense Nádia Nenque. A estreia aconteceu nesta quinta-feira, 23 de janeiro, no Centro Cultural Português da Praia. Com lotação esgotada, a peça, com 45 minutos de duração, foi encerrada sob fortes aplausos, com o público ovacionando de pé por vários minutos.

Segundo Mano Preto, a peça explora as histórias das seis mulheres que marcaram a trajetória de Amílcar Cabral: sua mãe, duas esposas e três filhas. Essas mulheres, segundo o artista, tiveram um papel fundamental na construção da ideologia política e cultural de Cabral, influenciando o seu percurso brilhante.

Para Nádia Nenque, que interpretou Ana Maria, uma das esposas de Cabral, a experiência foi emocionante. "Gostaria de ter conhecido Cabral, mas infelizmente não tive essa oportunidade. Interpretar as pessoas da vida dele é algo inexplicável. Identifiquei-me muito com Ana Maria, que, assim como eu, lutava pelo que queria", afirmou a artista.

Mano Preto revelou que o processo criativo foi intenso, com apenas oito dias para preparar a peça. Apesar disso, o resultado surpreendeu: "A estreia exigiu um grande esforço técnico, envolvendo iluminação, som e coreografias complexas. Ainda precisamos ajustar alguns detalhes nos movimentos e na manipulação dos adereços, mas, para uma estreia, o nível está muito bom", avaliou.

A dupla Mano Preto e Nádia Nenque já havia trabalhado junta em outra produção na Guiné-Bissau. Agora, "As Seis Mulheres de Amílcar" já recebeu convite para ser apresentada no projeto Ur-GENTE, do Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau. Em março será apresentado na cidade da Praia durante um festival de teatro. Além disso, há planos para levar o espetáculo a Córsega, na França.